Um outro Brasil

A teoria de que existem dois “Brasis” é fácil de acreditar, mas difícil de entender. De qualquer forma, o termo “Belíndia”, que separa nossa porção Bélgica de nossa porção Índia é útil em alguma medida.

Essa semana adentrei esse outro Brasil, no Sul do Piauí, lugar carente como tantos outros, mas inóspito como poucos. Comecei a me envolver no projeto PACE, apoiado pela Fundação ligada ao grupo Sabará, Lamb Watchers, em 2018, quando visitei Curimatá, de 12 mil habitantes, pela primeira vez.

Este ano voltei com gás. Palestra sobre “O Brasil em 2019” para empresários e lideres locais na terça e bate papo sobre empreendedorismo para jovens na quarta, quando também entregamos como doação um sistema de tratamento de esgoto.

Esse sistema ficará em uma comunidade afastada que reúne cerca de 100 famílias, o Baio, e foi para a escola, que recebeu reforma e ampliação pela Fundação recentemente. A ação deu força ao local e hoje recebe alunos de toda parte e que surgem, num dia como o da visita, do hiato entre a esperança e a realidade.

Ainda buscando entender o mundo, as crianças me ouviram falar sobre saneamento básico. Se aprenderam algo, tenho dúvidas, mas que me ensinaram muito, isso tenho certeza.

Certamente pouco mudará na minha partida, mas saí com a impressão de que alguma coisa pode acontecer e mudar naquele campo de lamentos e sonhos, menos pela minha visita, mais pela persistência dos que ali atuam e pela resiliência dos que ali habitam.

Parabenizo a Lamb Watchers pela extraordinária luta e agradeço a Vecchi Ambiental e Acqualimp/Rotoplas pelo apoio na iniciativa.

Se um dia os “Brasis” vão se encontrar, não sei. Mas que faz muito bem “cruzar a fronteira” e tentar fazer algo, disso não tenho dúvidas. A madrugada pode ser longa, mas certamente em algum momento o sol vai chegar.

Ricardo Azevedo
(Link original do texto)